Se você respondeu que “sim”, é possível então que você faça parte da grande maioria de pessoas que já não consegue mais se desconectar dos gadgets nem na hora de dormir, o que não é lá uma grande novidade para ninguém.
Entretanto, o que talvez você ainda não saiba é que, quanto maior o tempo de uso desses aparelhos eletrônicos, pior será a sua noite de sono, pois a luminosidade emitida por estas telas pode comprometer a qualidade de seu descanso.
A retina contém células fotossensíveis que ajudam o cérebro a regular nosso relógio biológico, aquele responsável pelos ciclos de sono-vigília, controle da temperatura corporal e mudanças hormonais. Assim, ao ser atingido pelo brilho das telas, seu ritmo biológico pode ser desregulado.
Um estudo do Instituto Politécnico Rensselaer, em Nova York, também demonstrou que usar o Ipad por duas horas antes de dormir já causa problemas expressivos em nosso sono, além de produzir um atraso gradual no horário de ir para a cama.
Embora possa parecer uma prática inofensiva, uma pesquisa publicada no BMC Public Health afirmou que, se esses comportamentos são persistentes, principalmente no caso de crianças, os pais deveriam ficar atentos para modificar esses hábitos, pois uma noite mal dormida guarda relações com menores níveis de concentração e menor performance acadêmica (em função da sensação de cansaço ao longo do dia).
Uso de computador e celulares antes de dormir pode levar a problemas cognitivos e comportamentais
Você sabia que mais de metade das crianças e adolescentes que enviam mensagens de texto pelos celulares – nos momentos que já estão deitados para dormir – ou navegam mais de 2 ou 3 horas diárias na internet durante a noite já estão mais propensos a desenvolverem transtornos do sono?
Uma pesquisa publicada no periódico Chest afirma que esses jovens podem apresentar, inclusive, mais problemas comportamentais, cognitivos e, finalmente, alterações de humor.
Um outro estudo feito no Centro Médico JFK, nos EUA, mostrou que o número de mensagens de texto – ou SMS – enviadas pelas crianças entrevistadas chegava a 33 por noite – o que é um número bastante alto, principalmente para indivíduos que deveriam estar tentando dormir e não sendo estimulados a permanecer acordados.
Assim, os pesquisadores analisaram dados coletados na amostra de 40 crianças e jovens adultos com idade variando entre 8 e 22 anos. Os participantes foram orientados a criar diários indicando a quantidade de horas gastas enviando SMS, e-mails, navegando na internet ou jogando videogame nas horas anteriores de irem para cama.
Sabe do resultado?…
Aqueles que mais faziam uso desses tipos de tecnologia eram também os que mais relatavam dores nas pernas, insônia, além de diversas condições, como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade, depressão e dificuldades de aprendizado.
Além disso, as análises também mostraram que 77,5% dos participantes tinham problemas persistentes para dormir (dificuldade de pegar no sono) e, em média, despertavam do sono profundo ao menos uma vez por noite.
Outro dado interessante foi quanto aos hábitos de cada gênero. Os meninos preferiam usar o computador (navegar na internet e brincar com jogos on-line), enquanto as meninas tinham hábitos ligados ao uso do celular (SMS e chamadas telefônicas).
O que me chama atenção nestes casos é que os pais sabem que os hábitos de sono são importantes para garantir um bom progresso acadêmico e um desenvolvimento adequado dos filhos, mas raras vezes fazem alguma coisa para deixar esse tipo de equipamento longe do quarto de dormir (seja o deles ou de seus filhos).
O quanto antes os pais criarem rotinas – respeitando a opinião dos filhos – para o uso dessas tecnologias, melhor. Costumo dizer que ter uma área em comum para os computadores é a primeira dica a ser adotada.
Creio que se desconectar da tecnologia seja, nos dias de hoje, um dos nossos maiores desafios. Neste sentido, procure se disciplinar, independentemente de sua idade.
Por exemplo, na hora das refeições, deixe o celular longe da mesa; na hora de dormir, deixe-o fora do quarto. Enfim, nada que o bom senso não consiga prever.
Uma dica para tentar ter uma boa noite seria a de levar uma revista ou um livro para cama. Desta forma, seu corpo poderá ir se “desligando” gradualmente, fazendo com que o seu descanso seja então de melhor qualidade. Simples, não acha?
Fonte: Uol Saúde
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